Recebi meu primeiro kit da TAG e
fiquei extremamente ansiosa e feliz com a experiência que iria experimentar.
Primeiro que o kit é lindo
demais, já mostrei em post anterior aqui no blog.
O que mais me chamou a atenção
dessa assinatura da TAG é a curadoria. São escritores de renome no cenário da
Literatura Contemporânea que indicam seus livros favoritos.
Esse mês a curadora foi a minha
queridinha Leticia Wierzchowski, o que, para mim, já fez toda a diferença. E
vamos a ele: Stoner, de John
Williams.
Primeiramente, nunca tinha ouvido
falar nesse escritor americano, nem tampouco nessa obra.
Confesso que me identifiquei
muito com a temática e fico me perguntando se outros leitores que não estejam
familiarizados com esse ambiente docente universitário tiveram a mesma
impressão – não sei.
Trata-se de um romance Buldingsroman (romance de formação) que narra a história de William Stones, filho de
camponeses humildes que descobre sua paixão pela Literatura e torna-se
professor universitário. E então acompanhamos o seu casamento fracassado e suas
relações complicadas, tanto na Universidade e em todos os outros âmbitos de sua
vida.
Fica muito evidente essa
distância entre os mundos dos pais de Stoner e o ambiente universitário que
passa a ser a sua vida. Seria como trabalho braçal/físico x trabalho
intelectual.
“(...) Stoner, desde criança,
pensava neles (pais) como velhos. Aos 30 anos, seu pai aparentava 50; encurvado
pelo trabalho, contemplava sem esperança o árido pedaço de terra que sustentava
a sua família de um ano para o outro” (p. 8).
Linda prosa, cheia de poesia e
sentimento, como podemos observar: “(...) muitas vezes, durante a pausa entre o
jantar e ir para a cama, os únicos sons que podiam ser ouvidos eram de um corpo
de mexendo com dificuldade numa cadeira e o ranger mouco da madeira cedendo
cada vez mais sob o peso dos anos” (p. 9).
No início há um choque: sabemos
todo o enredo já no primeiro parágrafo. Logo após, há um segundo choque: a
narrativa é lenta e o leitor, em certos momentos, acaba se cansando – logo nas
primeiras páginas.
Eu, particularmente, fiquei muito
irritada com a esposa dele e como ele reagia à certas atitudes dela, mas é
exatamente isso que encanta em John Williams: como ele narra... é muito
envolvente, quase visceral.
Amei o livro, muito porque o
que ele narra faz parte do meu cotidiano também. E mais, o papel transformador
da Literatura na vida dele (e de todos que com ela se envolvem): “Tomou
consciência de si mesmo de um jeito que nunca lhe ocorrera antes” (p. 20).
Fiquei encantada também em
perceber que, mesmo diante de toda a dificuldade que Stoner passa, e todo o
sentimento de não-pertencimento, a sua paixão pela Literatura fez com que ele
superasse todos os obstáculos, e alguns casos, abicou também de várias outras
paixões.
Várias são as lições de vida que
o Prof. Stoner nos deixa, dentre elas: “Você precisa lembrar o que você é, o
que escolheu ser e o significado do que está fazendo” (p. 44). Eu acrescento
ainda que você é o único responsável por suas escolhas.
Achei, por fim, que há um flerte com o romance O Professor, de Cristóvão Tezza (existe post sobre esse livro aqui no blog).
Enfim, boa leitura!!!
Baci