sábado, 31 de dezembro de 2016

Levantamento 2016

Oieeee....

Último dia do ano foi aproveitado para fazer um levantamento das minhas leituras do ano e também reflexões sobre elas.

Eu fechei com 42 livros lidos e fiquei bem satisfeita com a quantidade e, principalmente, com a qualidade dos mesmos.

Pretendo, mas não prometo aumentar essa média em 2017, mas não quero fazer disso um problema, quero que minhas leituras continuem um prazer, como sempre foram... Mas queria fechar 2017 com 52 livros lidos... Quem topa o desafio comigo?

Bom, segue então minha lista de leituras...

- Rakushisha, de Adriana Lisboa
- Ciranda de Pedra, de Lygia Fagundes Telles
- Azul Corvo (releitura), de Adriana Lisboa
- O coração às vezes para de bater, de Adriana Lisboa
- A casa das sete mulheres, de Letícia Wierchowski
- Dois Irmãos, de Milton Hatoum
- Trapo, de Cristóvão Tezza
- Navegue a lágrima, de Letícia Wierchowski
- Neptuno, de Letícia Wierchowski
- Hanoi, de Adriana Lisboa
- Helena, de Machado de Assis
- Iaiá Garcia, de Machado de Assis
- Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
- O orfanato da Srta. Peregrine para Crianças peculiares, de Ranson Riiggs
- Minha tia me contou, de Marina Colassanti
- O mágico de Oz, de Frank Baumn
- O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry
- O Alienista em cordel, de Rouxinol do Rinaré
- O soldadinho de chumbo em cordel, de João Bosco Bonfim
- O flautista misterioso e os ratos de Hamelin, de Braulio Tavares
- Um cordel adolescente, ó xente!, de Sylvia Orthof
- Uma estranha na cidade (crônicas), de Carolina Bensimon
- Stonner, de John Williams
- Um copo de cólera, de Raduan Nassar
- O caminho estreito para os cofins do Norte, de Richard Flanagan
- Romeu e Julieta, de William Shakespeare
- O Seminarista, de Rubem Fonseca
- Eu sou Malala, de Malala Yousafzai e Cristina Lamb
- Poética, de Aristóteles
- Itinerário de Pasárgada, de Manuel Bandeira
- O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues
- A Polaquinha, de Dalton Trevisan
- Laranja Mecânica, de Anthony Brugges
- Abaporu: uma obra de amor, de Tarsilinha do Amaral
- Os fantásticos livros voadores de Modesto Maximo, de William Joyce
- Eles não usam black tie, de Gianfrancesco Guarnieri
- Matteo perdeu o emprego, de Gonçalo M. Tavares
- A máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe
- A morte e a morte de Quincas Berro D´Água, de Jorge Amado
- Contos de cães e maus lobos, de Valter Hugo Mãe
- Uma menina está perdida em seu século a procura do pai, de Gonçalo M. Tavares
- O conto da ilha desconhecida, de José Saramago

Um Feliz Ano novo e um 2017 cheio de maravilhosas leituras para todos nós...
baci

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Eu sou Malala...

Olá meus queridos e queridas...

Esse projeto de leitura faz parte de um grupo de leitura de mães dos amiguinhos da minha filhinha mais velha.
Escolhemos esse título pela história inspiradora dessa menina, mas confesso para vocês que a leitura foi arrastada.

Em muitos momentos me questionei sobre a qualidade literária do livro, mas depois de muito refletir, acabei resolvendo ler sem julgamentos estéticos e mais para conhecer realmente a história e também sobre os costumes, religião e até geografia mundial, hahahah

Creio que muito dessa impressão se deva ao fato da extensão e descrições minuciosas. Ela praticamente conta desde seu nascimento até seu (re) nascimento, após ser baleada pelo Talibã. Mas garanto para vocês que depois da página 160 a leitura fui.

O início do Prólogo é assim muito fofo: “Venho de um país criado à meia-noite. Quando quase morri, era meio-dia” (p.11). Ela então já inicia contando que fora baleada por integrantes do Talibã pois sempre lutara pelos direitos das meninas frequentarem as escolas. E passa a narrar toda sua história desde seu local e nascimento.

Interessante saber que Malala vivia no Vale do Swat, região montanhosa à sombra da crodilheira Hindu Kush, mais especificadamente na cidade de Mingora, o maior município do Vale e que distava apenas 160 quilômetros de Islamabad, a capital do Paquistão.

Então ela discorre muito sobre seu pai e sobre o sonho dele pela Educação. Descreve todas dificuldades e sabotagens desse grande sonho. E também o papel do pai como grande incentivador de Malala também no objetivo de lutar pela educação, principalmente das meninas: “Meu pai costumava falar: ‘Vou proteger sua liberdade, Malala. Pode continuar sonhando’” (p. 77).

Passamos a conhecer, e mais, a entender muitos dos costumes dos mulçumanos. E principalmente, o “não” papel da mulher naquela sociedade, principalmente para os mulçumanos fundamentalistas (em alguns momentos a gente fica com muita raiva, inclusive). Raiva maior quando ela passa a contar sobre a ocupação do Talibã... “Primeiro os talibãs nos tiraram a música, depois nossos Budas e então nossa história” (p. 133).

Mas o que mais afetava Malala e seu pai era o fato das destruições das escolas pelos talibãs, mas serviu apenas de incentivo para eles continuarem lutando: “O Talibã podia tomar nossas canetas e nossos livros, mas não podiam impedir nossas mentes de pensar” (p. 156).

“O Talibã é contra a educação porque pensa que quando uma criança lê livros ou aprende inglês ou estuda ciência ele ou ela vai se ocidentalizar” (p. 172).

Eu fiquei muito inspirada após conhecer a história da Malala e tenho a plena certeza que ela servirá de inspiração para muitas mulheres. E principalmente quem está ligado à área de Educação. Enquanto houver uma criança, um professor, um livro e uma caneta, ainda haverá esperanças.

Alguém também ficou tocado?
Baci


P.S. Comprei também a versão jovem da história da Malala... depois volto para falar dele também...

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

O Seminarista, de Rubem Fonseca

Olá amadinhos,

Hoje é rapidinho... 
Queria indicar aos amantes de literatura policial, e para quem também não gosta, a leitura de O Seminarista, de Rubem Fonseca (sim, Rubem Fonseca, não o clássico de Bernardo Guimarães...).

Na verdade, foi indicação de Luis Fernando Veríssimo para a TAG, Experiências Literárias de Janeiro, mas quero reforçar a indicação!!!

Gente... é muito bom. É como esse post: curto, porém maravilhoso... kkkk

Eu classificaria até como uma novela (se alguém já fez essa classificação antes, perdoe-me, pois não tive tempo de pesquisar). Mas enfim, resumidamente o enredo gira em torno da história de José, um ex-seminarista, amante de latim e poesias e também ex-matador profissional, O Especialista, após longos anos decide que é hora de aposentar-se. Entretanto, irá perceber algumas dificuldades em "alcançar" esse objetivo. Na minha leitura, muito mais do que alcançar ou não o objetivo, nos traz muitas reflexões acercas das nossas próprias escolhas de vida, e como podemos ficar eternamente presas dentro dessas nossa escolhas, ou limitados por elas.

Gostei tanto que já comprei outro livro de Rubem Fonseca, Bufo e Spallanzani

É isso... sorry pela simplicidade!!! Mas leiam e depois comentem aqui...

Baci

P.S. tenho que mostrar o kit... é muitoooo fofooooo.
P.S.+ A arminha é de papelão...




quinta-feira, 5 de maio de 2016

Stoner, de John Williams - TAG Experiências Literárias

Oie meus queridos e minhas queridas, ou as moscas que me lêem...

Recebi meu primeiro kit da TAG e fiquei extremamente ansiosa e feliz com a experiência que iria experimentar.

Primeiro que o kit é lindo demais, já mostrei em post anterior aqui no blog.

O que mais me chamou a atenção dessa assinatura da TAG é a curadoria. São escritores de renome no cenário da Literatura Contemporânea que indicam seus livros favoritos.

Esse mês a curadora foi a minha queridinha Leticia Wierzchowski, o que, para mim, já fez toda a diferença. E vamos a ele: Stoner, de John Williams.

Primeiramente, nunca tinha ouvido falar nesse escritor americano, nem tampouco nessa obra.

Confesso que me identifiquei muito com a temática e fico me perguntando se outros leitores que não estejam familiarizados com esse ambiente docente universitário tiveram a mesma impressão – não sei.

Trata-se de um romance  Buldingsroman (romance de formação) que narra a história de William Stones, filho de camponeses humildes que descobre sua paixão pela Literatura e torna-se professor universitário. E então acompanhamos o seu casamento fracassado e suas relações complicadas, tanto na Universidade e em todos os outros âmbitos de sua vida.

Fica muito evidente essa distância entre os mundos dos pais de Stoner e o ambiente universitário que passa a ser a sua vida. Seria como trabalho braçal/físico x trabalho intelectual.

“(...) Stoner, desde criança, pensava neles (pais) como velhos. Aos 30 anos, seu pai aparentava 50; encurvado pelo trabalho, contemplava sem esperança o árido pedaço de terra que sustentava a sua família de um ano para o outro” (p. 8).

Linda prosa, cheia de poesia e sentimento, como podemos observar: “(...) muitas vezes, durante a pausa entre o jantar e ir para a cama, os únicos sons que podiam ser ouvidos eram de um corpo de mexendo com dificuldade numa cadeira e o ranger mouco da madeira cedendo cada vez mais sob o peso dos anos” (p. 9).

No início há um choque: sabemos todo o enredo já no primeiro parágrafo. Logo após, há um segundo choque: a narrativa é lenta e o leitor, em certos momentos, acaba se cansando – logo nas primeiras páginas.

Eu, particularmente, fiquei muito irritada com a esposa dele e como ele reagia à certas atitudes dela, mas é exatamente isso que encanta em John Williams: como ele narra... é muito envolvente, quase visceral.

Amei o livro, muito porque o que ele narra faz parte do meu cotidiano também. E mais, o papel transformador da Literatura na vida dele (e de todos que com ela se envolvem): “Tomou consciência de si mesmo de um jeito que nunca lhe ocorrera antes” (p. 20).

Fiquei encantada também em perceber que, mesmo diante de toda a dificuldade que Stoner passa, e todo o sentimento de não-pertencimento, a sua paixão pela Literatura fez com que ele superasse todos os obstáculos, e alguns casos, abicou também de várias outras paixões.


Várias são as lições de vida que o Prof. Stoner nos deixa, dentre elas: “Você precisa lembrar o que você é, o que escolheu ser e o significado do que está fazendo” (p. 44). Eu acrescento ainda que você é o único responsável por suas escolhas. 

Achei, por fim, que há um flerte com o romance O Professor, de Cristóvão Tezza (existe post sobre esse livro aqui no blog).

Enfim, boa leitura!!!
Baci


quinta-feira, 14 de abril de 2016

TAG LIVROS

Olá meus queridos e queridas... como vocês estão?

Resolvi dar uma retomada novamente no blog. É muita coisa acontecendo, mas vou assumir um compromisso de fazer, no mínimo, uma postagem semanal (pelo menos, de início).

Fiz umas aulas de Escrita Criativa e fiquei empolgada a escrever. Sempre achei que não tinha muito "dom" para escrever, e talvez por esse motivo, deixei algumas vezes de lado alguns posts... Inclusive, quem se interessar em aprender mais sobre Escrita Criativa, esse é o link para o curso de Escrita Criativa (um dos cursos existentes... eu fiz umas aulas experimentais e gostei da técnica dele, Thiago Novaes).

Enfim, eu querida hoje deixar a dica da TAG LIVROS. O que é? É uma espécie de clube de livros. Por uma assinatura mensal de 69,90 (meio salgadinho, eu também acho...) você recebe todo mês em casa um livro (indicação de escritores e literatos), juntamente com uma revista e um "mimo" literário.

coincidência ou não, quem indicou o livro do mês de abril foi a escritora Letícia Wierzchowski, que eu adorooooo (o post anterior é sobre um livro dela). E mês que vem sabe quem indicará??? Quem???? A minha mais amada escritora de todos os tempos, salve, salve, linda, maravilhosa: Adriana Lisboa (estou megaaaa ansiosa para saber qual será a indicação dela)!!!

Vou explicar melhor com fotos do meu primeiro mês como associada.

Para início, a caixinha que vem pelo correio é muito fofa (já vi cometários sobre a demora na entrega do kit, mas comigo, por enquanto, está tudo ok...)


Quando a gente abre, o livro vem com uma capinha super prática com a revista dentro (podemos, inclusive, guardar o livro nessa caixinha...). Ah, na primeira vez, você recebe também uma carta personalizada com seu nome...

Ah, esqueçi que no kit também vêm um marcador de páginas personalizado:

E o mimo desse mês é uma ótima ideia para minhas feiras literárias também: "message in a bottle"...
Qual mensagem ou versos você deixaria para a posteridade?



Sobre o livro não vou falar ainda, primeiro porque estou no início da leitura (posso adiantar que é muito bom!) e segundo porque pode ainda haver interesse de alguém em adquirir e então perderia um pouco do encanto!!!

Ah, se alguém se interessou e resolver fazer a assinatura, dê meu nome como indicação, pois assim eu ganho uma book bag lindaaaa!!!

Estou propondo também clubes de leituras aqui na minha cidade, quem tiver interesse, deixa um comentário...

Ah, quem quiser ter mais informações sobre a TAG LIVROS, clique aqui!

Até semana que vem...

baci

Lari Bonacin

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Leticia Wierzchowski

Queridos e queridas, tudo bem?

Hoje irei falar um pouco sobre Letícia Wierzchowski... (conforme o título do post já adiantou...)

Tudo iniciou quando “me propus” um objetivo esse ano: estudar algumas escritoras brasileiras contemporâneas. Pois desde que me encantei com a Adriana Lisboa, fico “economizando” os seus romances, para não ter que me despedir dela... (outra hora irei fazer um post sobre a Adriana Lisboa e a minha verdadeira adoração pelas suas obras).

Bom, então achei na casa da minha mãe o romance Navegue a lágrima e adorei. Então, baixei no meu kindle o romance mais conhecido dela, A casa das sete mulheres, e gostei também, embora com algumas ressalvas. E, por fim, depois de pesquisar mais sobre ela, resolvi ler também no kindle o romance Neptuno.

Então, dos 13 romances de Letícia Wierzchowski, já li 3 e, portanto, tenho uma pequena noção dessa grande escritora brasileira da atualidade.

Dos três romances então que eu li, o qual mais gostei foi, sem dúvida Navegue a lágrima, onde temos a narradora, Heloísa (já comecei amando o nome...), que após sofrer uma grande perda compra uma casa de praia em um balneário no Uruguai. A casa pertencia à uma grande escritora, Laura Berman e sua família. A partir de então, Heloisa começa a ser visitada pelas lembranças guardadas por aquela família e passa a também enfrentar seus próprios medos e angústias. Narrativa entrecortada, ora ela relembra seu passado e ora é assombrada pelo passado dos Bermans: “Desde que vivo aqui sozinha, o passado vem me visitar como uma espécie de curiosa novela em capítulos.” (p. 12).

A casa das sete mulheres, o enredo é mais ou menos conhecido, devido à adaptação que foi feita pela Rede Globo em 2003, mas resumidamente, o romance tem como pano de fundo a Revolução Farroupilha, ocorrida entre 1835 a 1845. Paralelo à isso temos a mulher, filha, sobrinhas e irmãs do líder Bento Gonçalves, que reunidas, esperam, durante esses dez anos, o restabelecimento da ordem. O romance em questão é muito bom, servindo até como narrativa histórica, pois acabamos relembrando bem o que foi a Revolução Farroupilha e seus personagens... Ocorre que ele é longo, e em alguns momentos ele torna-se um pouco cansativo, inclusive. Mas, cada página é um deleite na narração quase poética de Letícia Wiezchowski. Eu super recomendo...

Em Neptuno, temos um advogado, recém-separado, que atende um filho de um antigo conhecido, assassino confesso de uma moça de 15 anos. A trama também vai envolver a própria vida do advogado que irá repensar e repassar seu passado a partir da história de M. (isso, o assassino é denominado apenas como M.). O romance é bem gostoso de ser lido, lembra-me um pouco as narrativas de Nicholas Sparks, inclusive. Mas um fato que me deixou um pouco cansada na leitura são as constantes “intromissões” do narrador. Apesar que acho que essa sensação deva ser creditada às três leituras seguidas da mesma autora. Por um lado é bom, pois você tem uma noção do todo, mas por outro acaba enjoando um pouco do estilo.

De qualquer maneira irei fazer uma resenha mais detalhada do romance Navegue a lágrima, pois realmente ele é f.a.n.t.a.s.t.i.c.o!!!

Baci

Lari Bonacin

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Coleção Antiprincesas - Frida Kahlo


Olá meus queridos e queridas...

Novidades na área: chegou minha encomenda do livro da Coleção denominada Antiprincesa, da editora Argentina Chirimbote. E mais: traduzida para o português.

O meu exemplar eu encomendei no site da Livraria Cultura:



Um projeto super atual e muito criativo (apesar de eu não gostar do nome "antiprincesa", pois prefiro algo como "princesas reais"), que visa ressaltar e dar publicidade às grandes mulheres de nossa história. Ou seja, ao invés de ficarmos enaltecendo apenas princesas criadas e inventadas (principalmente pela Walt Disney), valorizar mulheres corajosas, que procuraram enxergar o mundo de outra maneira e assim expressar sua arte.

Lembrando que o projeto contempla também os anti-heróis (cujo nome também não me agrada)...

O projeto gráfico é lindo, mistura desenhos, fotos e obras da Frida Kahlo. Também são dispostos vários quadros, que se assemelham à uma história em quadrinhos e somando-se à isso, notas/quadros explicativos.

Ao final do livro ainda têm sugestões de atividades e sugestão de jogos relacionados ao tema.

Apenas uma ressalva: quando falam do relacionamento dela com Diego Rivera, deixam claro o relacionamento poligâmico deles e as tendências bissexuais de Frida Kahlo (ainda não sei se acho que essas informações são relevantes para as crianças/adolescentes público-alvo desse livro... :( )

Mas, de uma maneira geral estou bem encantada com o projeto e pretendo ler mais a respeito e escrever mais a respeito. 

Baci a tutti..

Lari Bonacin

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Rakushisha, mais um livro maravilhoso de Adriana Lisboa

Oie.... Feliz Ano Novo!!!

Confesso que terminei meu ano literariamente extasiada!!! 

Tenho que compartilhar com vocês uma das melhores escritoras que já li na vida. Digamos que depois de Clarice Lispector é a escritora q mais gosto: Adriana Lisboa.

O primeiro livro que li dela foi Azul Corvo, e ele é simplesmente m.a.r.a.v.i.l.h.o.s.o. Inclusive vou relê-lo e fazer um comentário aqui...

Depois li Um beijo de Colombina, que é mais maravilhoso ou tão incrível quanto o primeiro que li, apesar de estilos diversos. Depois posso fazer umas considerações sobre ele!

Ontem eu terminei de ler Rakushisha, e não diverso dos outros, fiquei encantada. A maneira como ela narra é deliciosa. Nesse livro, por exemplo, ela mescla diversos tempos e diversos lugares e personagens, que, de uma forma ou de outra, mantêm certa relação entre si.

Ambientado no Japão e no Rio de Janeiro, deixa a narrativa bem diferente e inclui também fragmentos de Bashô, poeta japonês, precursor do Haicai. Uma forma lúdica e prazerosa de tomarmos contato com esse mundo incrível dos haicais... e de Bashô, e do Japão... tão misterioso e distante terra do sol nascente.

Já em Um beijo de Colombina, ela introduz-nos no universo de Manuel Bandeira, que confesso ter ficado ainda mais apaixonada por sua poesia – de Bandeira de Lisboa. Sim, a escrita de Adriana Lisboa é poética, mesmo escrevendo em prosa. É linda, profunda, quase visceral em determinados momentos...

Separei alguns excertos de Rakushisha para ilustrar a poesia nas descrições que ela faz, na sua narrativa. Como por exemplo sua descrição do DETRAN, que podemos estender à todos as instituições burocráticas: “Vinha do DETRAN. Lá dentro, na bolha morna do tédio burocrático, ventiladores imensos e prateados passeavam no ar que mesmo se agitando permaneciam parado. Até mesmo o vento era parado ali. Era um lugar sem tempo. As coisas não aconteciam nem desaconteciam. As pessoas em romaria se conformavam, e mesmo as inconformadas eram de um inconformismo conformado.” (LISBOA, p. 130)

“Minha dor é minha: marca na pele, feito vermelhidão da queimadura. Existe como uma visita na sala de estar. A dor, senhorinha sentada no canto do sofá.” (LISBOA, p. 128). Aqui tem espaço inclusive para metáforas...

E por fim, a tradução do sentimento de não pertencimento (aliás, quem nunca?): “Gosto dessa familiaridade da estranheza, de que de repente me dou conta. Gosto de me sentir assim alheada, alguém que não pertence, que não entende, que não fala. De ocupar um lugar que parece não existir. Como se eu não fosse de carne e osso, mas só uma impressão, mas só um sonho, como se eu fosse feita de flores e papéis e um tsuru de origami e o eco do salto de uma rã dentro de um velho poço ou o eco dos saltos de uma mulher na calçada (...).” (LISBOA, p. 133).


Ah, e ainda por cima, Adriana Lisboa é vegana (ou vegetariana...), o que querem mais?