Para mim é o mar... Estou tão precisando de um descanso, que somente o mar me acalenta!!!
Esse é o título e o início do livro do jornalista Edney Silvestre, Se eu fechar os olhos agora...
Gosto muito de assistir ao
programa Espaço Aberto Literatura, que agora se chama Globonews Literatura
(creio eu...), cujo apresentador é o jornalista Edney Silvestre. Até então
enxergava-o como jornalista apenas, no máximo apresentador, mas nunca como
escritor. Então me deparei com esse livro na casa da minha mãe que me despertou
a curiosidade.
O romance Se eu fechar os olhos agora ganhou o prêmio Jabuti de 2010 de
melhor romance e também o Prêmio São Paulo de Literatura de 2010 como o melhor
livro de autor estreante.
Como o próprio autor ressalta, o
livro contém elementos de três gêneros, sem, contudo, poder ser classificado
como um deles: relato histórico, narrativa policial e romance de formação.
A história fascina, ao menos aos
meus olhos, pois envolve dois meninos de 12 anos, idade das descobertas e
curiosidades, mas ao mesmo tempo, inocência.
Tudo começa quando os dois
amigos, meninos de 12 anos, encontram um cadáver de uma mulher muito bonita.
Não satisfeitos com a solução oficial para o crime, eles então passam a
“investigar” o assassinato, com ajuda de um idoso, comunista e ex-preso
político. A partir daí passam a descobrir toda uma trama política, redes de
corrupção e depravação sexual que fazem com que os meninos amadureçam, embora
de forma dolorosa (uma espécie de romance de formação – Bildungsroman). E
passam a descobrir também que o Brasil que eles imaginavam era na verdade bem
diferente
Narrativa entrecortada, com
bastante fluxo de consciência, e alguns pontos de vistas dão ao romance um tom
contemporâneo.
Mistura de romance policial, pois
a Anita, embora desde o início apareça morta, irá estar constantemente presente
na narrativa, sendo considerada pelo próprio autor (Edney Silvestre), a
personagem principal.
Há também diversos relatos
históricos, como a valorização da indústria nacional, permeados por uma ironia
inteligente
“E se no Brasil, refletia, neste
Brasil novo em que surgiam indústrias, estradas, empregos, e se neste Brasil
novo, mesmo sendo uma democracia como os professores ensinavam, onde nós, o
povo, temos eleições livres e decidimos quem vai nos governar, e se neste
Brasil houvesse poderes, forças que ele não sabia dizer quais eram, ou o que
eram, nem tampouco apontar onde estavam, e se as houvesse, essas forças, esses
poderes capazes de decidir o destino dele, sem que ele pudesse intervir?” (p.
182).
O que é revelado aos meninos e
aos leitores:
- corrupção política;
- corrupção da sociedade
- depravação sexual;
- coronelismo;
- vestígios do antigo sistema
econômico escravagista e preconceituoso;
- patriarcalismo;
- racismo;
Inclusive o racismo acentuado
chega a incomodar em certos momentos. O livro já começa em caracterizar os
meninos por suas aparências físicas: “A bicicleta do menino moreno, enferrujada
e com mossas [...]”; “Na do outro menino, comprido, claro e mais magro, a marca
inglesa ainda era nítida no eixo central [...]” (p. 13);
E também serviu para descrever
outros personagens, como o pai de Paulo (um dos meninos): “Sangue ruim, dizia o
homem louro espadaúdo, sangue ruim, repetia, apertando os olhos azuis sob
cílios tão claros que às vezes pareciam brancos [...]” (p. 25)
“Ah, não, Eduardo! É muito pior
se a menina for preta. Uma menina branca pode ser adotada, viver com uma
família, estudar e tudo o mais. Uma preta vai morrer no orfanato.” (p. 100)
Embora o final seja meio
fraquinho, o livro é envolvente e cativante, e eu recomendo!! Mereceu todos os
prêmios!!!
Baci
Este livro já estava na minha lista pra futura compra. Depois da sua resenha me apaixonei e ele saltou pro alto da preferência.
ResponderExcluirTb adoro o programa dele.
Manu, me manda um endereço para entrega que te mando o meu exemplar do livro... Já que ganhei um autografado não faz sentido ficar com dois né? Se você não se importar que tenha algumas poucas anotações a lapis nele... pode mandar no meu e-mail... bjo
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