Nome da primeira história, também
é emprestado ao título do livro.
Irei neste post falar dessa
primeira história, que narra a infância da “narradora” (personagem como todas
as outras, sem nome) no Recife. Depois eu pretendo falar um pouquinho das
outras histórias do livro...
A narradora, como bastante gente
especula, pode ser o alter-ego de Clarice...Ou até a própria Clarice, quando
pequena...
A narradora
inicia o texto com descrição física de uma “colega”: “Ela era gorda, baixa,
sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto
enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas” (LISPECTOR, 1998, p. 09).
Então fala
de sua maior paixão: os livros; e também da sua maior decepção: a colega ser
filha de dono de livraria. E mais: a garota pouco aproveitava e não as
presenteava com livros nos aniversários;
A colega (se assim pode ser
classificada...) era cruel e invejosa: “Como essa menina devia nos odiar, nós
que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas de cabelos livres”
(LISPECTOR, 1998, p. 09).
Essa menina era mesmo cruel e com
a narradora exerceu com calma ferocidade o seu sadismo, tanto que a pobre da
narradora nem percebia, tal era a sua ânsia de ler: “continuava a implorar-lhe
emprestado os livros que ela não lia”. Até que chegou o dia em que começou a
exercer sobre a outra uma tortura chinesa, a informou que possuía As
Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, que para esta “era um livro
grosso, [...], era um livro para se ficar vivendo, comendo-o, dormindo-o”.
A narradora então ia diariamente
à casa da colega para pegar emprestado o livro, mas sempre ouvia que o livro
não estava mais lá, que já o havia emprestado. E por quanto tempo? A narradora
não sabe;
Até que um dia a narradora é
salva pela mãe da colega maldosa, que, espantada ao saber de toda a trama,
exclama: “[...] mas esse livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!”
(LISPECTOR, 1998, p. 11);
A mãe da colega a obriga a
emprestar o livro para a narradora por tempo indeterminado: “E você fica com o
livro por quanto tempo quiser” (LISPECTOR, 1998, p. 11);
Então a narradora entra em
delírio de alegria, em sua felicidade clandestina assim procedia: “Chegando em
casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de
o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo,
fui passear pela casa [...]” (LISPECTOR, 1998, p. 12).
Essa história é muito fofaaaa...
demonstra a paixão da narradora por livros!!! Quem nunca pegou um livro,
cheirou (adoro cheiro de livro novo...), guardou... Não leu para “economizar” a
leitura, só para poder ficar mais um pouquinho naquela companhia...
Qual livro você já “economizou”
leitura, para não acabar tão rápido? O meu recentemente foi Pequena Abelha, e o seu?
Baci
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