sábado, 4 de agosto de 2012

Felicidade Clandestina, Clarice Lispector



Nome da primeira história, também é emprestado ao título do livro.

Irei neste post falar dessa primeira história, que narra a infância da “narradora” (personagem como todas as outras, sem nome) no Recife. Depois eu pretendo falar um pouquinho das outras histórias do livro...

A narradora, como bastante gente especula, pode ser o alter-ego de Clarice...Ou até a própria Clarice, quando pequena...

A narradora inicia o texto com descrição física de uma “colega”: “Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas” (LISPECTOR, 1998, p. 09).

Então fala de sua maior paixão: os livros; e também da sua maior decepção: a colega ser filha de dono de livraria. E mais: a garota pouco aproveitava e não as presenteava com livros nos aniversários;

A colega (se assim pode ser classificada...) era cruel e invejosa: “Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas de cabelos livres” (LISPECTOR, 1998, p. 09).

Essa menina era mesmo cruel e com a narradora exerceu com calma ferocidade o seu sadismo, tanto que a pobre da narradora nem percebia, tal era a sua ânsia de ler: “continuava a implorar-lhe emprestado os livros que ela não lia”. Até que chegou o dia em que começou a exercer sobre a outra uma tortura chinesa, a informou que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, que para esta “era um livro grosso, [...], era um livro para se ficar vivendo, comendo-o, dormindo-o”.

A narradora então ia diariamente à casa da colega para pegar emprestado o livro, mas sempre ouvia que o livro não estava mais lá, que já o havia emprestado. E por quanto tempo? A narradora não sabe;

Até que um dia a narradora é salva pela mãe da colega maldosa, que, espantada ao saber de toda a trama, exclama: “[...] mas esse livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!” (LISPECTOR, 1998, p. 11);

A mãe da colega a obriga a emprestar o livro para a narradora por tempo indeterminado: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser” (LISPECTOR, 1998, p. 11);

Então a narradora entra em delírio de alegria, em sua felicidade clandestina assim procedia: “Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa [...]” (LISPECTOR, 1998, p. 12).



Essa história é muito fofaaaa... demonstra a paixão da narradora por livros!!! Quem nunca pegou um livro, cheirou (adoro cheiro de livro novo...), guardou... Não leu para “economizar” a leitura, só para poder ficar mais um pouquinho naquela companhia...

Qual livro você já “economizou” leitura, para não acabar tão rápido? O meu recentemente foi Pequena Abelha, e o seu?

Baci

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