Genteeeeee.... ameiiiiii o livro!!!!
Queria fazer comentários mais imparciais, mas me
identifiquei muito com a narrativa. Em muitas situações me coloquei no lugar de
mãe e em outras imaginei a minha mãezinha...
A gente não imagina que a mãe da gente já nasceu mãe? Eu às
vezes tenho dificuldades de pensar minha mãe antes de ser minha mãe...
“Jamais lhe ocorrera que ela tivesse um dia dado seus
primeiros passos ou que uma vez tivesse tido 3, 12 ou 20 anos de idade. Mamãe
era Mamãe. Já tinha nascido Mamãe. Até vê-la correndo daquele jeito na direção
de seu tio, você ainda não tinha compreendido que ela era um ser humano que
nutria exatamente o mesmo sentimento que você experimentava em relação aos seus
próprios irmãos, e essa percepção levou à compreensão de que ela também tivera
uma infância” (p. 32).
Alguns dos questionamentos feitos pelos filhos, eu já me fiz
um dia: “[...] eu me pergunto muitas vezes se fui uma boa filha. Se eu
conseguiria fazer por meus filhos as coisas que Mamãe fez por mim, do mesmo
modo” (p. 219).
Sobre o enredo, basicamente é a história de Park So-nyo,
que, por sempre ter que andar atrás do marido (por viver em uma sociedade
machista), perde-se no metrô de Seul, quando iam visitar os filhos, já
crescidos. Esposa e mãe dedicada, com uma vida inteira de sacrifícios,
principalmente na criação dos filhos, Park So-nyo estava com 69 anos e
vulnerável e confusa, devido à um derrame que havia sofrido tempos antes.
Enquanto a família inteira buscam o paradeiro de Park
So-nyo, há também uma busca emocional, com revelação de segredos, remorsos,
lembranças do passado e de uma mulher que até então ninguém da família tinha
conhecido...
“Desde que soube do desaparecimento de Mamãe, você não
consegue se concentrar em um único pensamento, perseguida por lembranças havia
muito esquecidas e de repente afloradas. É pelo remorso que sempre acompanha
cada lembrança” (p. 15).
O que é diferente na narrativa também é a mudança de foco
narrativo. A cada novo capítulo é a visão de um membro da família que é
destacado. No início isso incomoda um pouco, mas depois vi que é uma maneira de
aproximar o leitor da narrativa...
Fato que também incomoda um pouco, mas que é uma realidade
daquela sociedade (e muitas outras também, infelizmente, e algumas até de forma
velada) é o machismo...
O marido é o campeão na matéria...É nítido como Park So-nyo
devia sofrer em suas mãos: “Você falava educadamente com outras pessoas, mas
suas palavras se tornaram ásperas quando dirigidas a sua esposa. Às vezes até a
xingava. Agia como se tivesse sido decretado que não podia tratá-la com
delicadeza” (p. 125).
Percebe-se que o passar dos anos endureceu o coração do
marido e congelou a relação entre os dois: “Depois que a mãe de seus filhos
sumiu, você percebeu que quem tinha sumido era sua esposa. Sua esposa, de quem
você se esquecera durante cinquenta anos, estava presente em seu coração. Só
depois de sumir ela voltou para você de modo tangível, como se fosse possível
estender o braço e tocá-la” (p. 126).
Enfim, o livro é lindo e cativante, triste, mas não
melancólico nem enfadonho!
Super recomendo!!!
Baci
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