domingo, 24 de junho de 2012

Por favor, cuide da Mamãe



Genteeeeee.... ameiiiiii o livro!!!!

Queria fazer comentários mais imparciais, mas me identifiquei muito com a narrativa. Em muitas situações me coloquei no lugar de mãe e em outras imaginei a minha mãezinha...

A gente não imagina que a mãe da gente já nasceu mãe? Eu às vezes tenho dificuldades de pensar minha mãe antes de ser minha mãe...

“Jamais lhe ocorrera que ela tivesse um dia dado seus primeiros passos ou que uma vez tivesse tido 3, 12 ou 20 anos de idade. Mamãe era Mamãe. Já tinha nascido Mamãe. Até vê-la correndo daquele jeito na direção de seu tio, você ainda não tinha compreendido que ela era um ser humano que nutria exatamente o mesmo sentimento que você experimentava em relação aos seus próprios irmãos, e essa percepção levou à compreensão de que ela também tivera uma infância” (p. 32).

Alguns dos questionamentos feitos pelos filhos, eu já me fiz um dia: “[...] eu me pergunto muitas vezes se fui uma boa filha. Se eu conseguiria fazer por meus filhos as coisas que Mamãe fez por mim, do mesmo modo” (p. 219).

Sobre o enredo, basicamente é a história de Park So-nyo, que, por sempre ter que andar atrás do marido (por viver em uma sociedade machista), perde-se no metrô de Seul, quando iam visitar os filhos, já crescidos. Esposa e mãe dedicada, com uma vida inteira de sacrifícios, principalmente na criação dos filhos, Park So-nyo estava com 69 anos e vulnerável e confusa, devido à um derrame que havia sofrido tempos antes.

Enquanto a família inteira buscam o paradeiro de Park So-nyo, há também uma busca emocional, com revelação de segredos, remorsos, lembranças do passado e de uma mulher que até então ninguém da família tinha conhecido...

“Desde que soube do desaparecimento de Mamãe, você não consegue se concentrar em um único pensamento, perseguida por lembranças havia muito esquecidas e de repente afloradas. É pelo remorso que sempre acompanha cada lembrança” (p. 15).

O que é diferente na narrativa também é a mudança de foco narrativo. A cada novo capítulo é a visão de um membro da família que é destacado. No início isso incomoda um pouco, mas depois vi que é uma maneira de aproximar o leitor da narrativa...

Fato que também incomoda um pouco, mas que é uma realidade daquela sociedade (e muitas outras também, infelizmente, e algumas até de forma velada) é o machismo...

O marido é o campeão na matéria...É nítido como Park So-nyo devia sofrer em suas mãos: “Você falava educadamente com outras pessoas, mas suas palavras se tornaram ásperas quando dirigidas a sua esposa. Às vezes até a xingava. Agia como se tivesse sido decretado que não podia tratá-la com delicadeza” (p. 125).

Percebe-se que o passar dos anos endureceu o coração do marido e congelou a relação entre os dois: “Depois que a mãe de seus filhos sumiu, você percebeu que quem tinha sumido era sua esposa. Sua esposa, de quem você se esquecera durante cinquenta anos, estava presente em seu coração. Só depois de sumir ela voltou para você de modo tangível, como se fosse possível estender o braço e tocá-la” (p. 126).

Enfim, o livro é lindo e cativante, triste, mas não melancólico nem enfadonho!

Super recomendo!!!

Baci

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