O sucesso de Pequena Abelha foi tão grande que o livro passou para as mãos da
minha mãe e depois entrou nas garras do meu pai, e ambos ficaram fascinados
(não seria por menos). Inclusive minha mãe ficou tão encantada que foi correndo
procurar outros livros de Chris Cleave e descobriu um romance anterior premiado,
chamado Incendiário.
O fato é que o livro foi super difícil
de ser encontrado, e tive que pedir ajuda para o Sr. PC buscá-lo em algum site
da internet...
Enfim, depois de 5 dias de
espera, eis que chega o tão famoso livro aqui em casa.
É a história de uma família
inglesa comum: A mulher (narradora sem nome) dá tchau para seu marido que levaria
o filho ao clássico de futebol inglês Arsenal x Chelsea. Até aí era um dia
comum, senão pelo fato de onze homens-bomba explodirem a parte do estádio da
torcida do Arsenal, local que se encontrava o marido e o filho e a mulher
assiste tudo pela TV... Em instantes o fogo, a poeira e os destroços se
espalham...
A partir daí a vida da mulher
fica dilacerada e então ela decide escrever para Osama Bin Laden, e a narrativa
é essa carta direcionada ao terrorista mais temido do mundo...
“Antes de você bombardear meu
menino Osama sempre pensei que uma explosão fosse uma coisa rápida, mas agora
eu sei. O clarão desaparece depressa, mas o fogo te consome por dentro e o
barulho nunca acaba. Por mais que se tape os ouvidos com as mãos não se
consegue bloquear o barulho. O fogo fica rugindo enfurecido e com um barulho
incrível. E o mais estranho é que as pessoas sentadas junto de você no metrô
não ouvem um único som. Eu vivo em um inferno onde se pode tremer de frio
Osama. Essa vida é um rugido ensurdecedor, mas ao mesmo tempo dá para ouvir um
alfinete caindo no chão” (p. 168).
Essas palavras que citei traduzem bastante tudo o que a
mulher estava sentindo.
A narrativa é o expurgo da dor, expurgo físico e moral...
Ao questionar os terroristas, ao buscar o objeto do seu
ódio, vai descobrindo que o mundo que aparentemente ela conhecia não era aquilo
que ela imaginava ser!!!
Queria apenas deixar mais uma observação no tocante ao
título Incendiário e à simbologia do
fogo. Para Jung o fogo representava transformação,
pois ele é o grande agente das transformações pelo seu caráter de simbolizar as
emoções, tanto que aquilo que resiste ao fogo tem o caráter da imortalidade. É
um pouco isso que acontece com a narradora, uma espécie de transformação, Sem o fogo da emoção nenhum desenvolvimento
ocorre e nenhuma conscientização maior pode ser alcançada.
O livro é muito bom,
mas pesado e forte...É a narrativa da dor de uma mulher, de uma mãe, de uma
cidadã britânica, a qual, sem nome, poderia representar qualquer um de nós ou todos nós!!!
Baci
Nenhum comentário:
Postar um comentário