terça-feira, 8 de maio de 2012

Incendiário, Chris Cleave


O sucesso de Pequena Abelha foi tão grande que o livro passou para as mãos da minha mãe e depois entrou nas garras do meu pai, e ambos ficaram fascinados (não seria por menos). Inclusive minha mãe ficou tão encantada que foi correndo procurar outros livros de Chris Cleave e descobriu um romance anterior premiado, chamado Incendiário.

O fato é que o livro foi super difícil de ser encontrado, e tive que pedir ajuda para o Sr. PC buscá-lo em algum site da internet...

Enfim, depois de 5 dias de espera, eis que chega o tão famoso livro aqui em casa.

É a história de uma família inglesa comum: A mulher (narradora sem nome) dá tchau para seu marido que levaria o filho ao clássico de futebol inglês Arsenal x Chelsea. Até aí era um dia comum, senão pelo fato de onze homens-bomba explodirem a parte do estádio da torcida do Arsenal, local que se encontrava o marido e o filho e a mulher assiste tudo pela TV... Em instantes o fogo, a poeira e os destroços se espalham...

A partir daí a vida da mulher fica dilacerada e então ela decide escrever para Osama Bin Laden, e a narrativa é essa carta direcionada ao terrorista mais temido do mundo...

“Antes de você bombardear meu menino Osama sempre pensei que uma explosão fosse uma coisa rápida, mas agora eu sei. O clarão desaparece depressa, mas o fogo te consome por dentro e o barulho nunca acaba. Por mais que se tape os ouvidos com as mãos não se consegue bloquear o barulho. O fogo fica rugindo enfurecido e com um barulho incrível. E o mais estranho é que as pessoas sentadas junto de você no metrô não ouvem um único som. Eu vivo em um inferno onde se pode tremer de frio Osama. Essa vida é um rugido ensurdecedor, mas ao mesmo tempo dá para ouvir um alfinete caindo no chão” (p. 168).

Essas palavras que citei traduzem bastante tudo o que a mulher estava sentindo.

A narrativa é o expurgo da dor, expurgo físico e moral...

Ao questionar os terroristas, ao buscar o objeto do seu ódio, vai descobrindo que o mundo que aparentemente ela conhecia não era aquilo que ela imaginava ser!!!

Queria apenas deixar mais uma observação no tocante ao título Incendiário e à simbologia do fogo.  Para Jung o fogo representava transformação, pois ele é o grande agente das transformações pelo seu caráter de simbolizar as emoções, tanto que aquilo que resiste ao fogo tem o caráter da imortalidade. É um pouco isso que acontece com a narradora, uma espécie de transformação, Sem o fogo da emoção nenhum desenvolvimento ocorre e nenhuma conscientização maior pode ser alcançada.

O livro é muito bom, mas pesado e forte...É a narrativa da dor de uma mulher, de uma mãe, de uma cidadã britânica, a qual, sem nome, poderia representar qualquer um de nós ou todos nós!!!

Baci


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